segunda-feira, 12 de outubro de 2009

EU NÃO SABIA...






“Eu não sabia”...


Outro dia, numa dessas oportunidades em que a gente tem a infeliz obrigação de ouvir sem a chance de intervir, escutei fragmentos de uma trajetória de ascensão pessoal. Hierarquicamente pessoal.
Tratava a vistosa senhora de como construiu a sua carreira política. Ora entendi ser um conto de fadas; ora uma fatalidade; ora uma casualidade; ora uma oportunidade. Mas meu Deus, onde estava mesmo aquela trajetória sólida que consolida a investidura política? Aquele colocar pedra por pedra?
Não pude colher a essência de uma escalada. Galgar degraus. Na omissão de alguns fatos, decisivos, escutou-se discorrer sobre um episódio quase Maria do Carmo – a mesma que foi Senhora do Destino dela.
Hoje me turva o pensamento o mesmo discurso com roupa de engana os bestas, preciso deles todos. Hoje, dia 12 de outubro! Ah! O JC trouxe-nos uma versão de Ana Vitória em ascensão de sobrevivência e ainda mais mutilada! Isso! É a mesma Ana Vitória que vem ilustrando o assunto mórbido da fome no sertão, em Floresta, no tão querido bairro DNER, lugar onde mora o povo do meu coração! Ana Vitória agora com marcas indeléveis da atuação competente do Hospital Municipal de Floresta, aparece sem dois dos dedos de uma das mãos... (agora sou eu quem faz questão de omitir o nome do Coronel). Ai, que vergonha de médico!
Lá, no primeiro parágrafo onde a fala precisou ficou exilada, foi anunciada uma ascensão política modelo quase Madre Tereza de Calcutá; de divisão com quem não tem; pão para quem tem fome... coisa assim. Mas, onde estava a família de Ana Vitória nos 31 de dezembros, meu Deus?! Onde estava ela que não foi acudida, meu Pai?
Não! Ela estava lá, mesmo. No lugar de sempre. Todas as vezes que o JC vem, encontra. De uma próxima visita, que benefício terá Ana Vitória recebido? O colírio? Olhinho artificial aliviaria a dor de cabeça!
Vem cá, JC! Diz-me qual a distância de prometer ao Menino do Morcego, morador lá da caatinga e não conseguir localizar a casa de Ana Vitória? Diz-me qual o número da legenda!!!
Ah! Lá no bairro do DNER tem um Ninho da Igreja! Quem sabe o Padre consegue localizar o domicílio de Ana Vitória?!
Vejamos o que cada um de nós pode assim fazer! Que dá IBOPE, isso dá! Mas, já está de boa marca o quadro de honra ao mérito destacado pelo amarelo das caraíbeiras. Essas honrarias acontecem por força de uma compra, de uma aquisição. E nisso o nome mais aclamado a luz do voluntariado é funcional.
Mas, se perguntar por Ana Vitória, uma voz sonora e grave vai responder: “Eu não sabia”...




Carla Rogéria Rosa Ferraz
12/10/2009.

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